Se alguém procurar uma garota de programa em qualquer lugar, não encontrará um programa por menos de cinqüenta reais, elas não têm sindicato e nem a profissão reconhecida pelo Ministério do Trabalho ou pela Previdência Social, neste aspecto as prostitutas estão em igual estágio da legalidade com os fotógrafos, mas no que se refere aos preços praticados pelas duas categorias isto é diferente, os fotógrafos não tem um preço mínimo para o seu trabalho, como têm as prostitutas.
Sou fotógrafo profissional há apenas uns dez anos, quando entrei no mercado, a maioria dos grandes fotógrafos que estão em atividade hoje, já a praticavam há muito tempo. Comecei fazendo fotojornalismo, depois de demitido do jornal, passei a trabalhar de maneira autônoma, comparado aos meus concorrentes me considero um iniciante, e por isto deveria cobrar um dos menores cachês do mercado, já que o cachê de um artista é proporcional ao seu talento e à sua produção artística, eu, coitado como tenho pouco tempo no mercado, produzi muito menos que os outros pois quase não tive oportunidade de demonstrar meu talento. Com relação aos preços a situação é outra, sempre que faço um orçamento para alguém, meus concorrentes fazem por menos, teve um que se deu ao trabalho de fotografar um grande festival de música, de graça, é verdade, não cobrou um tostão por um trabalho de seis horas por dia, durante dois dias; semana passada ocorreu um show, o proprietário da banda me procurou pra fazer a cobertura, eu fiz um orçamento, achando que estava cobrando a metade dos outros, mas para minha surpresa apareceu um grande nome da fotografia piauiense, disposto a fazer o mesmo trabalho pela metade do que eu havia cobrado.
O preço de qualquer produto ou serviço é composto pelos custos imediatos, que são: matéria-prima, comunicação, transporte e mão-de-obra; pelos não-imediatos, como aluguel, água, eletricidade, depreciação do equipamento, investimentos para aquisição de novos equipamentos, cursos e o pró-labore do proprietário. No caso da fotografia, ainda tem o valor agregado que é o talento; a produção artística do fotógrafo e a reprodução do seu trabalho, por exemplo, uma fotografia que for publicada numa revista com tiragem de 10.000 unidades diárias, se uma fotografia for veiculada por uma semana temos 70.000 reproduções dela, então, nada mais justo que o artista ganhe pelas reproduções, assim como acontece com as músicas. Exposições, publicação de livros, participação em salões de fotografia e em concursos agregam valor ao produto do fotógrafo; todos estes parâmetros devem ser levados em conta quando o profissional da fotografia vai estabelecer sua tabela de preços. Outro fator determinante do valor do trabalho é a finalidade a que ele se destina, fotografia social não pode ser cobrada como a fotografia publicitária; a fotografia social, no máximo será publicada numa coluna social e o contratante não obterá lucro com o trabalho fotográfico, já a fotografia publicitária deve ser cobrada de acordo com a veiculação que a mesma tiver, pois o fotógrafo tem que se promover com seu trabalho, assim como o seu cliente, pois se esta paridade não acontecer, o fotógrafo não poderá produzir um novo trabalho para o mesmo cliente por falta de recursos.
Até carroceiros de Teresina têm um sindicato, já os fotógrafos não o têm, ou melhor, tem mas não funciona, existe também a ARFOC-PI, que é igual ao sindicato em atividade, estas organizações deveriam pelo menos promover a orientação da categoria com relação à forma de elaboração dos preços, já que não fiscalizam nem estabelecem qualquer tipo de exigência para o ingresso na profissão, hoje qualquer um pode ser fotógrafo, desde que possua um equipamento, por isto é que a categoria não dispõe de nenhum prestígio junto à sociedade. Enquanto não nos respeitarmos e acabarmos com a concorrência pelo menor preço, nunca teremos o respeito dos clientes.
Um comentário:
concordo plenamente!!!
vamos à luta pela "organização" da nossa classe: Comunicólogos!
xêro!
Postar um comentário